quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O herói

Pensei em tantas formas de recomeçar a escrever, de forma mais pomposa, querendo demonstrar que penso muito nas coisas... mas acabei optando para escrever como me sinto. É uma certa forma de egoísmo. Não sei... sei que sinto esta necessidade de expressar o que se passa dentro de mim.
Estranho como a maternidade te transforma. São quatro e meia da manhã e eu aqui pensando.... li o email de um  amigo que foi buscar seu caminho ao sol na califórnia. Disse que lá percebeu o quanto ainda é pueril na profissão de ator e o quanto seu horizonte abriu lá. Sinto da mesma forma, às vezes até cruel. Não tem nada de soberba, acho que seja questão de necessidade, ou o baque de ser assim tão violentamente acertada por uma nova condição, de vida mesmo. O fato é que, neste momento, não sinto mais que tenha heróis em quem me espelhar, me abrigar, me proteger. Tudo isto é passado. O herói agora sou eu, ou devo ser. Por mais inexata, inconstante e, de certa forma, frágil que eu possa ser ou estar. Ser herói é condição e não escolha. É uma tarefa a cumprir e este peso cai nos ombros de forma bastante violenta. De repente, do nada, assim mesmo, você se descobre nesta função na vida de alguém. É como se cem toneladas de responsabilidade e afeto te atingissem em cheio. Não tem mais como ser indiferente ao que encontra ao redor, não dá para ligar a televisão e se desligar do mundo. Você olha nos olhos de teu filho, como olho nos da minha pequenina e, pá, está lá um mar de necessidades a ser supridas. Um olhar de "eu conto, confio em você. Você é tudo". É, no momento sou tudo na vida de alguém. Tudo mesmo. E sem sentir a graça do ego, apenas me resigno a atender, da forma que puder (e até se não puder, eu poderei) estas expectativas. É simples, direto e objetivo. É a função que assumi, e não senti claramente, no momento em que resolvi ser mãe. Agora vamos às guerras e lutas.